No primeiro dia existia uma parede invisível, mas não imaginária,
nos separando. Tentei desesperadamente transpô-la, bati com toda minha força,
gritei inutilmente, mas nada adiantou. Ela me olhava serena, pedia que eu me
acalma-se, entretanto isso era impossível, ela estava ali na minha frente e eu
sequer podia tocá-la. Gritei, continuei a esmurrar aquele muro até minhas mãos
sangrarem. E ela continuou ali parada com o seu olhar sereno pedindo para que
eu me acalma-se. No segundo dia ela apareceu de branco, era festa do mar, todos
jogavam suas moedas, suas rosas brancas, não existiam mais barreiras. Ela
chegou perto, pediu para que eu ficasse bem, me deu uma moeda e se foi.
Prontamente eu joguei minha moeda no mar e fiz um pedido: Volta! O mar
esbravejou, Iemanjá entendera, mas não tinha como conceder, era grande demais até
para ela. Assim como a minha moeda, ela se fora, afundou pouco a pouco e desde
então eu nunca mais joguei uma moeda ao mar.