Ando sofrendo de lonjuras.
Não que seja novidade, nem especial.
Sei que meu problema é absolutamente comum.
Já vi muitos se curarem e outros tantos morrerem.
Assim a vida segue.
O que me falta é um gosto de mar, um gosto de amar.
O querer perto é sempre o pior inimigo, ele te saliva e te faz palpitar enquanto te lembra do que é impossível ter.
Não, não estamos falando de posse, ter não significa tirar do outro, excluir possibilidades. Aqui, ter significa somar, em todas as suas mais diversas formas.
Em meio a esses enjoos de além mar, ando procurando em minhas garrafas vazias, um pergaminho, um mapa, uma bússola, uma vontade. Ando procurando você. Ando tentando encontrar aquela sombra de menino que foi perdida há muito, numa janela levada por um Peter Pan qualquer.
Ando procurando aquela sombra que deve estar voando por aí até hoje, sem encontrar pouso, sem encontrar paz, sem encontrar aquela minha mão que te esperou por tanto tempo naquela sacada infinita.
E esperando ao longe, esperando de longe, nos perdemos mais uma vez entre as sombras da janela que começaram a voar.