sexta-feira, 7 de outubro de 2011


Arrumei a casa, lavei a louça bati um bolo. Preenchi o meu tempo e a dor não passou. Percebi que o que faltava preencher era espaço e não tempo.  Esse é mais complicado, mais de-li-ca-do como uma boneca de porcelana, que, ao se quebrar, por mais que se emende, sempre ficarão cicatrizes. Queria uma cicatriz agora, queria um sentido, algo que valesse a pena, algo no que acreditar, mas tudo perdeu o sentido, se sentido houve algum dia. Continuar se tornou uma palavra vazia e por mais sinônimos que eu invente não consigo trazê-la de volta.
Vou falando, repetindo, criando vícios, lavo, passo, limpo, faço as unhas o cabelo e tudo continua igual. Tento ler um livro, assistir a um filme, rir alto de qualquer coisa, mas tudo continua igual. Os truques antigos que antes eram tão eficazes já não têm significado nenhum. Os versos que antes tanto me distraiam, hoje são palavras cada vez mais vazias. Pintei as unhas de verde (esperança, pensei), vai ver representa alguma coisa. E no meio do turbilhão também conhecido como o olho do furacão, tudo para. A vida para e, no silêncio, tento escutar a lembrança de quem eu fui um dia. Ideais, causas, motivos para lutar por algo maior, mas o sentido se perdeu com o tempo e, pragmática e positiva continuo andando, com as unhas pintadas de verde na esperança de ter esperança de novo algum dia, se é que algum dia houve. 

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