quarta-feira, 2 de março de 2016

Abri os olhos, não para ver, abri os olhos para continuar sentindo, abri os olhos com a esperança de recobrar a sanidade, a racionalidade, a lucidez. Abri os olhos, para não abrir o peito, ledo engano, este foi aberto sem que eu percebesse. Quando percebi que não tinha volta, quis fechá-lo novamente. Quis segurar aquele fragmento de momento, aquela sensação. Um momento dilatado, recortado, onde nada mais importava. O presente, um presente. Temos o estranho hábito de querer que as coisas durem, eu só quero que elas sejam. E se elas serão simplesmente por aquele instante... quem se importa? O instante é tudo que temos. Enquanto ele dura, o resto para. E vai parando... vai parando... vai parando... até que seja esquecido, perdido entre fragmentos de passado e futuro que se sobrepõe mutuamente, mas que só voltarão a fazer sentido quando o instante, aquele pequenininho, que as vezes nem percebemos, acabar.
Fico assim, respirando.... Não foi a última gota que fez transbordar, mas o conjunto de todas elas, mas quem disse que transbordar é ruim? Sigo cheia, meio lua, meio mar, esperando quem sabe minguar, transbordar, desaguar. Sigo aguada, sigo o fluxo, o caminho contrário, sigo querendo e tentando. E nesse momento, percebo o quanto a confusão se fez presente, se fez latente. Ainda sem um norte, mas no fundo disso tudo, eu só quero me perder. Em meio a minha caótica rotina, me perco entre os prazos, entre os pratos, entre tudo aquilo que foi sendo deixado por fazer, entre o ontem e o amanhã, pois para hoje eu só quero mais um copo d’água.    



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